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Alegação

É extremamente comum ver pessoas afirmando que a Teoria da Evolução “pegou o bonde andando” por não explicar a origem da vida, sugerindo que isso invalidaria a mesma; ou que tem "obrigação" de explicar a origem da vida. Assim, as lacunas da Teoria da Evolução mostrariam que ela é uma teoria falha.[1]

Esta afirmação se baseia na pressuposição de que as teorias científicas têm a obrigação de formar conjuntos fechados e coerentes, explicando prontamente toda a realidade relacionada a cada tema.


Resposta

Nenhuma teoria explica tudo. Não é assim que funciona a ciência. Com a Teoria da Evolução não é diferente, pois ela não se aplica até em algumas áreas da própria Biologia. Ela explica muito bem como as espécies se modifica(ra)m ao longo do tempo, mas não explica uma série de outras coisas, porque algumas explicações dependem de outros fatores — e algumas outras ainda sequer foram encontradas. Talvez algumas estejam até além da compreensão humana. É assim que funciona a ciência, ela não tem a pretensão de saber tudo ao mesmo tempo agora.

O que a ciência não sabe, ela não explica. Não cria nenhum “deus das lacunas” para tampar os buracos da nossa ignorância. No entanto, existem muitas coisas que criacionistas alegam que a Teoria da Evolução não explica, mas que explica muito bem, como “complexidade irredutível” e até moralidade. Muitas pessoas alegam isso apenas porque não têm conhecimento suficiente sobre o assunto.


Exemplos

Bem, vejamos alguns exemplos de como “pegar o bonde andando” não significa nada, tomando alguns episódios da história do progresso na Física:

Johannes Kepler, após uma árdua jornada que demandou anos de dedicação à Astronomia, coletou dados de observações tentando provar seu modelo heliocêntrico com base nos sólidos de Pitágoras. Acabou descobrindo que a órbita dos planetas não tem nada a ver com os sólidos astronômicas, mas alcançou progressos muitos importantes: descobriu que as órbitas eram elípticas e elaborou as três Leis de Kepler do movimento planetário, que descrevem matematicamente a órbita dos planetas.

No entanto Kepler de nada sabia sobre a gravidade, força que foi definida por Isaac Newton muito tempo depois. Ele não fazia idéias do porque os planetas terem tais órbitas, apenas as descreveu matematicamente. Logo, podemos dizer que Kepler “pegou o bonde andando”, mas isso não quer dizer que as órbitas dos planetas deixem de ser elípticas, como vários outros matemáticos e astrofísicos se cansaram de provar refazendo posteriormente seus cálculos.

Isaac Newton partiu do modelo heliocêntrico já estabelecido e realizou o grande avanço seguinte. Deduziu a força da gravidade como sendo responsável pelas órbitas dos planetas e demais astros. Isso foi uma revolução, pois, em uma tacada só, ele descobriu a força responsável por toda a ordem cósmica. Ao demonstrar que toda a gravidade é uma propriedade da matéria, suas equações permitiram explicar e calcular com grande precisão os movimentos dos astros, e o motivo de serem como são.

Conhecendo a elipticidade das órbitas planetárias foi possível calcular trajetórias exatas para as sondas espaciais, é possível calcular com antecedência os eclipses e a freqüência dos cometas — é até mesmo possível recuar no tempo e saber quando ocorreram eclipses ao longo de toda a história da humanidade; mesmo sem sabermos porque os planetas se movem como se movem.

No entanto, Newton não sabia porque gravidade é uma propriedade da matéria — muitos menos sabia da relação tempo-espaço e gravidade, que foi descoberta por Einstein muito tempo depois. Ou seja, Newton também “pegou o bonde andando”, mas nem por isso as coisas caem para cima ou os eclipses deixam de ocorrer quando previstos;

Albert Einstein, já no século XX, traz a revolução seguinte; mudando a forma como a gravidade era vista e demonstrando que ela é, essencialmente, uma curvatura no espaço-tempo e estabelecendo uma relação direta entre tempo e espaço, que tornou possível prever fenômenos que ocorrem em velocidade próximas à da luz. Fenômenos que, em grande parte, já foram comprovados por satélites de GPS e observações astronômicas.

No entanto, Einstein não sabia explicar porque a matéria distorce o tempo-espaço, nem como encaixar esse fenômeno com o mundo das partículas elementares. Problema que hoje tenta ser resolvido pela física quântica. Ou seja, Einstein também “pegou o bonde andando”.

Assim funciona a ciência: com base em evidências parciais, tentando explicar os fragmentos da realidade um por um, cada vez mais se aproximando de quadro completo da realidade, através do esforço de anos de dedicação de pessoas como Keppler, Newton ou Einstein. É como a montagem de um imenso e complexíssimo quebra-cabeças cujo desenho não conhecemos e cuja quantidade de peças é indefinida e possivelmente infinita.

Lacunas não são falhas. Uma teoria falha quando a evidência a contradiz. Nenhuma teoria é melhor que um simples e reles fato. As lacunas mostram apenas que há mais trabalho a ser feito e convida cada um a fazer sua parte.

A origem da vida é uma lacuna incômoda, que não é abordada pela Teoria da Evolução, assim como a distorção do espaço-tempo não é abordada pela teoria da gravitação universal de Newton.

Referências